Ela obscureceu sob águas-olhares
As cores calmas de sua procelosa inquietude
Um aviso iminente e uma precipitação
Impossível de luzes quentes
De correntes marinhas, molduras
Oceânicas, um quadro, o quadril
Finas pinceladas, poesia
Musa desenhada
Uma ilha que não acredita em adeus...
A razão
terça-feira, 2 de agosto de 2016
Morangos e doce de leite.
Estou de rei...
E o mundo virando de cabeça para baixo.
Gente passando fome e eu grato...
Cidades submergindo, casas pegando fogo,
Escolas vítimas de ataques bélicos...
E eu mordendo a rubra polpa suculenta da fruta.
E eu sentindo prazer com a delícia do açúcar...
Uma tristeza abençoada sangrou na minha boca.
Fui mordido por um delírio irônico de culpa!
Caduquei meus sentidos.
Eu comi a razão.
Estou de rei...
E o mundo virando de cabeça para baixo.
Gente passando fome e eu grato...
Cidades submergindo, casas pegando fogo,
Escolas vítimas de ataques bélicos...
E eu mordendo a rubra polpa suculenta da fruta.
E eu sentindo prazer com a delícia do açúcar...
Uma tristeza abençoada sangrou na minha boca.
Fui mordido por um delírio irônico de culpa!
Caduquei meus sentidos.
Eu comi a razão.
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Signo Mundi
segunda-feira, 1 de agosto de 2016
A natureza quer, criativamente, através de seu corpo, a experiência da vida. Isso acontece, ao longo tempo, por meio da diversidade, das relações entre as informações que compõe nossa realidade compartilhada - percebidas e organizadas pela consciência que habita cada ser.
Tudo é manifestação de existência. Energia navegando num mar cujo comportamento, ainda que permita um infinito de possibilidades de vir-a-ser, possui características fundamentais, padrões que atuam como letras e regras de linguagem que dão corpo aos textos do mundo.
As informações, na forma da energia, representando a manifestação do fenômeno da existência, organizam-se para, orbitando campos de ideias essenciais, compor sistemas autopoiéticos cujas identidades próprias são reveladas pelo comportamento sincrônico dos fragmentos que os caracterizem...
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Acordar para dentro
domingo, 31 de julho de 2016
Eles dizem que eu existo
mas não sabem quem eu sou
só podem ver o que está pronto
e eu: nem tanto, quem sou eu?
falam que sou meu próprio sonho
mas quem sonha? não sei ser
não sei fingir
acordar para dentro
só sei que olhar é um sonho perdido
sou como o sono...
o abismo certo
entre sonhar e fazer sentido.
mas não sabem quem eu sou
só podem ver o que está pronto
e eu: nem tanto, quem sou eu?
falam que sou meu próprio sonho
mas quem sonha? não sei ser
não sei fingir
acordar para dentro
só sei que olhar é um sonho perdido
sou como o sono...
o abismo certo
entre sonhar e fazer sentido.
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Mentira
sexta-feira, 29 de julho de 2016
Dizem que a palavra vale prata e, o silêncio, ouro
É mentira. Há palavras e silêncios mais valiosos que o ouro
Assim como há palavras e silêncios que nos desgraçam
O importante é: não deixe que comprem sua palavra com prata
Nem seu silêncio com ouro.
É mentira. Há palavras e silêncios mais valiosos que o ouro
Assim como há palavras e silêncios que nos desgraçam
O importante é: não deixe que comprem sua palavra com prata
Nem seu silêncio com ouro.
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Verbonovidade
terça-feira, 26 de julho de 2016
Vá à praça.
Caminhe. Pague para ver.
Onde começa este poema?
Nos seus passos.
Não, não tem rima.
Viver é o verbo novidade
Permita-se.
Caminhe. Pague para ver.
Onde começa este poema?
Nos seus passos.
Não, não tem rima.
Viver é o verbo novidade
Permita-se.
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Interpretações...
segunda-feira, 25 de julho de 2016
Estava eu lendo o mito de Hércules contra o leão de Neméia e... Refletindo sobre as relações entre o ser e a sociedade, comecei a viajar nessa ideia: Reduzimos a vida natural circundante à cultura social... No meio disso, nos encontramos e nos perdemos... Nos encontramos porque somos animais semióticos, e nossa organização nos enriquece de possibilidades de significações... Todavia... Por sermos animais mitologizando nossa existência, também nos perdemos de nossa razão fundamental... Existir aqui e agora, pulsando sangue, contemplando estrelas, é mais do que podemos definir, no entanto, todo o nosso maravilhamento por participar do mistério, e também todo o nosso assombro diante do desconhecido, revelam a riqueza de nossa sensibilidade perceptiva: todo o corpo trabalha para manter um sonho que caminha, um sonho sonhado pela natureza do mundo... Isso me faz crer que o universo quer tanto a vivência plena das possibilidades, que pôs-se a caminhar com nossos pés, sem certezas, apenas interpretações...
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O sorriso
domingo, 24 de julho de 2016
Lindo é o sorriso espontâneo, que escapa feito o vento, sem previsão, e move o mar, as aves, as árvores, sem a nenhum deles faltar... Sorriso que rende e reanima, que é ponte do denso para o sutil, alento que contorna o tenso para o anil e encontra, cada vez mais bobo e leve, elevadas atmosferas, o sorriso estratosférico, sorriso natureza, regozijo de grandeza planetária que, num diminuto instante, contagia os olhos da gente, alimentando o sagrado fogo da alma!
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Real
sábado, 23 de julho de 2016
Sente-se desconfortavelmente. Fique nessa posição até doer seu corpo. Force mais, espere ficar insuportável, resista, acostume-se.
É possível habituar-se à dor. Muitas vezes nem percebemos, mas nos colocamos em desconforto quanto a nossos sentimentos, intenções ou atitudes e nos forçamos contra nossa própria natureza.
O corpo é sábio e nos avisa que há desconforto, da mesma forma, se soubermos ouvir nosso próprio interior, tornamo-nos conscientes de nossos fluxos energéticos e reais necessidades.
É possível habituar-se à dor. Muitas vezes nem percebemos, mas nos colocamos em desconforto quanto a nossos sentimentos, intenções ou atitudes e nos forçamos contra nossa própria natureza.
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Coração da música noturna
sexta-feira, 22 de julho de 2016
Que Lua!
Que divina Lua!
Do hálito fresco, do olhar imantado de luz!
Coração da música noturna.
A lua é líquida dentro de mim
O Luar me percorre! Inebria!
Eriça a natureza na pele da noite...
Beija o meu sangue! Inunda a minha carne!
E perfuma a minha mente
Com o céu universal.
Que divina Lua!
Do hálito fresco, do olhar imantado de luz!
Coração da música noturna.
A lua é líquida dentro de mim
O Luar me percorre! Inebria!
Eriça a natureza na pele da noite...
Beija o meu sangue! Inunda a minha carne!
E perfuma a minha mente
Com o céu universal.
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Meu devaneio
quinta-feira, 21 de julho de 2016
Nesta vida, entendi que minha tramontana é o sonho. Coisas simples, distantes, me fascinam. Me sinto um pouco distante também. Não tenho parte com as coisas demasiadamente urbanas... Muito embora esteja mergulhado nelas... Minha alma é coisa alienígena, gosta é de passarinhos livres, de riachos rindo, de ficar ouvindo e vendo o vento passeando a mais calma música nas folhas das árvores... Amo contemplar as coisas, ficar pensando elas...
O mundo artificial me assombra, por vezes. Significados me preocupam. Desde sempre fico encucado com aquilo que ouço falarem da natureza, da humana condição, da vida... Então escrevo, eu quero poder colaborar, transformar pela linguagem, provocar epifanias... Por isso trabalho lapidando minhas palavras por meio da poesia, que é livre e inspira sempre alguém... Minha preocupação nessa vida é ter algo de valor para que leiam ou ouçam de mim, pois o mundo precisa, penso, acima de tudo, da poesia.
O mundo artificial me assombra, por vezes. Significados me preocupam. Desde sempre fico encucado com aquilo que ouço falarem da natureza, da humana condição, da vida... Então escrevo, eu quero poder colaborar, transformar pela linguagem, provocar epifanias... Por isso trabalho lapidando minhas palavras por meio da poesia, que é livre e inspira sempre alguém... Minha preocupação nessa vida é ter algo de valor para que leiam ou ouçam de mim, pois o mundo precisa, penso, acima de tudo, da poesia.
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Hábito
quarta-feira, 20 de julho de 2016
Hábito. A repetição, a insistência. Literalmente falando, hábito significa vestimenta - peça de roupa (somos estimulados a usar todos os dias). Algo que retomamos com assiduidade.
Caminhar assim; cumprimentar daquele jeito; comer dessa forma; falar novamente sobre aquilo... É um eterno retorno. Criar um hábito é como mecanizar uma ação. O lado 'b' da coisa é que dadas as condições iniciais, começamos a repetir nossos hábitos sem refletir sobre eles. Não é algo que sempre vá acontecer (o automatismo inconsciente), mas é uma constante que só tem fim quando percebemos o piloto automático e tomamos a navegação novamente, com força de vontade.
O hábito tem poder físico. Está no âmbito da ação, e assim sendo, interfere diretamente sobre a matéria. Nossa mente, por exemplo, se exercitada, aumenta seu poder, por exemplo, de concentração. Pense nas possibilidades.
A maior parte dos nossos hábitos nós engolimos vindos de fora. Absorvemos o comportamento alheio (ou que o alheio quer que absorvamos) e repetimos sem questionar. Entretanto podemos cultivar um hábito.
O assunto é deveras interessante, porém não me atrevo a passar de uma breve instigação:
Pare por um minuto e pense nos seus hábitos atuais - em todas as suas manifestAÇÕES. Depois, pare por um minuto e vinte e seis segundos e pense naqueles hábitos que você quer desenvolver...
Refletir sobre os hábitos leva-nos a compreender o poder que eles têm em nossa vida (no corpo, na mente, nas emoções etc).
Direcione a sua atenção conscientemente. Se você não começar a mudança, ela nunca acontecerá. E você sabe que é capaz. Exercite sua força de vontade. Você está vivo agora, e tem somente este momento para fazer o que quer. Não desperdiçe sua existência no piloto automático.
Caminhar assim; cumprimentar daquele jeito; comer dessa forma; falar novamente sobre aquilo... É um eterno retorno. Criar um hábito é como mecanizar uma ação. O lado 'b' da coisa é que dadas as condições iniciais, começamos a repetir nossos hábitos sem refletir sobre eles. Não é algo que sempre vá acontecer (o automatismo inconsciente), mas é uma constante que só tem fim quando percebemos o piloto automático e tomamos a navegação novamente, com força de vontade.
O hábito tem poder físico. Está no âmbito da ação, e assim sendo, interfere diretamente sobre a matéria. Nossa mente, por exemplo, se exercitada, aumenta seu poder, por exemplo, de concentração. Pense nas possibilidades.
A maior parte dos nossos hábitos nós engolimos vindos de fora. Absorvemos o comportamento alheio (ou que o alheio quer que absorvamos) e repetimos sem questionar. Entretanto podemos cultivar um hábito.
O assunto é deveras interessante, porém não me atrevo a passar de uma breve instigação:
Pare por um minuto e pense nos seus hábitos atuais - em todas as suas manifestAÇÕES. Depois, pare por um minuto e vinte e seis segundos e pense naqueles hábitos que você quer desenvolver...
Refletir sobre os hábitos leva-nos a compreender o poder que eles têm em nossa vida (no corpo, na mente, nas emoções etc).
Direcione a sua atenção conscientemente. Se você não começar a mudança, ela nunca acontecerá. E você sabe que é capaz. Exercite sua força de vontade. Você está vivo agora, e tem somente este momento para fazer o que quer. Não desperdiçe sua existência no piloto automático.
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Solve e Coagula
terça-feira, 19 de julho de 2016
Enquanto lentos dias acumulam pousos
A carne solve e coagula os pensamentos
A mente força tensões sobre o corpo
Desenhando um caminho energético
Que condensa pesos fantasmagóricos...
Por isso fecho os olhos e percorro cada célula
Peço a cada parte do meu corpo que relaxe
Sinto apenas meu calor, meu lume
Sirvo-me da fonte do meu pleno ser
Para transcender os anseios que me consomem.
A carne solve e coagula os pensamentos
A mente força tensões sobre o corpo
Desenhando um caminho energético
Que condensa pesos fantasmagóricos...
Por isso fecho os olhos e percorro cada célula
Peço a cada parte do meu corpo que relaxe
Sinto apenas meu calor, meu lume
Sirvo-me da fonte do meu pleno ser
Para transcender os anseios que me consomem.
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Dignidade
segunda-feira, 18 de julho de 2016
Estou tentando falar com você desde ontem!
Aconteceu algo... Não sei bem como te contar. Talvez eu nem devesse, mas... A verdade é que, fosse comigo, eu gostaria que me avisassem. Enfim... Ontem VI SUA DIGNIDADE ANDANDO COM OUTRA PESSOA. Ela parecia infeliz... Olha... Eu sei que não devia me meter nisso, mas poxa! Como você foi deixar isso acontecer? Como você conseguiu deixar ela ir embora assim, sem tentar, com todo o seu espírito, fazê-la ficar? Dignidade não é coisa que tanto faz! Tem que saber dar valor! Quantos vacilos bobos, quantas gotas até encher o amargo copo da droga que te fez ver um sujo bronze no lugar do ouro? Me perdoe se estou me excedendo... É que via vocês juntos e isso me dava uma alegria indescritível. Você sabia quem era (na verdade, isso nem importava), era capaz de suportar qualquer jornada, tinha confiança no seu próprio coração. Seu "bom dia" tinha poder, tinha presença. Você era livre. Sou seu amigo. Me preocupo contigo. Não gosto de te ver assim! Você já nem sonha bem, hipotecou a própria imaginação, é uma fera escondida e adestrada, deformada pelo poder das aparências! Onde está aquele brio dos seus olhos?
Me liga quando ouvir esse recado... E... Sério... Corre atrás! Não há futuro que não caiba no presente. Não perca o que realmente é importante.
Aconteceu algo... Não sei bem como te contar. Talvez eu nem devesse, mas... A verdade é que, fosse comigo, eu gostaria que me avisassem. Enfim... Ontem VI SUA DIGNIDADE ANDANDO COM OUTRA PESSOA. Ela parecia infeliz... Olha... Eu sei que não devia me meter nisso, mas poxa! Como você foi deixar isso acontecer? Como você conseguiu deixar ela ir embora assim, sem tentar, com todo o seu espírito, fazê-la ficar? Dignidade não é coisa que tanto faz! Tem que saber dar valor! Quantos vacilos bobos, quantas gotas até encher o amargo copo da droga que te fez ver um sujo bronze no lugar do ouro? Me perdoe se estou me excedendo... É que via vocês juntos e isso me dava uma alegria indescritível. Você sabia quem era (na verdade, isso nem importava), era capaz de suportar qualquer jornada, tinha confiança no seu próprio coração. Seu "bom dia" tinha poder, tinha presença. Você era livre. Sou seu amigo. Me preocupo contigo. Não gosto de te ver assim! Você já nem sonha bem, hipotecou a própria imaginação, é uma fera escondida e adestrada, deformada pelo poder das aparências! Onde está aquele brio dos seus olhos?
Me liga quando ouvir esse recado... E... Sério... Corre atrás! Não há futuro que não caiba no presente. Não perca o que realmente é importante.
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Atitude
sábado, 16 de julho de 2016
Altíssimo esplendor do dia, canto do pássaro solar, pálpebra inevitável de abrir. O sol parece ter mais efeito dentro que fora de mim. Acordei cedo e entediado e todo mundo sabe que tédio é energia sendo espancada pela inércia, coisa perigosa. Então inventei de fazer uma caminhada no parque, para fazer jus a toda forma de existência que acordou para este momento em que estou vivo. Me alonguei.
E lá fui eu, com musicalidade. Desci as ruas farejando o frescor matinal por cada poro do corpo, da alma e da mente, bebendo lucidamente a atmosfera em passos de dança de partículas. Cheguei no parque sorridente e pleno de espírito, em respeito à natureza, e me embrenhei numa trilha mais fechada. Bosques me fazem sentir de forma mitológica as presenças de dentro e as de fora, gosto de caminhar em transe, meditando a jornada. Foi então que o encontrei, sentado à beira do caminho. Um garoto que lia concentradamente não o mundo, mas seu livro. Impliquei com isso. Fui lhe dizer que estava desperdiçando tudo. Ele nem notou que eu estava ali. Desperdicei meu tempo. Decidi continuar com minha própria loucura controlada, todavia assim que virei as costas o garoto disse:
- A terra inteira é um grande girassol ingênuo, um bulbo rodopiando, uma esperançosa flor atravessando a imensidão sob as promessas da luz. Viver é encontrar e se perder das suas paixões.
Assim que terminou de falar, ele sacou uma caneta do bolso e fez anotações. Só então percebi que não era um livro, mas uma espécie de caderno (ou diário). O rapaz, certamente poeta, teve a mesma ideia que eu, mas não podendo caminhar na via láctea, sentou-se em meio às árvores para que a galáxia caminhasse dentro dele.
Manhã incomum, pinceladas de sinais que parecem me dizer um quadro. Voltei para casa fazendo três caminhadas, as minhas e a do poeta e, ao chegar na portaria do prédio, esbarrei com minha vizinha, Linda, que segurava um vaso com um girassol. Ela me sorriu, sorri de volta, sem saber se era sonho meu, dela, da flor ou do poeta do parque...
Acordei entediado. Encucado, pensei mais do que fiz. Chateado por ter sido tudo um sonho, fui vencido pela inércia, sem esperança, sem poesia. Não celebrei o sol, não saí para caminhar... E nada me aconteceu.
E lá fui eu, com musicalidade. Desci as ruas farejando o frescor matinal por cada poro do corpo, da alma e da mente, bebendo lucidamente a atmosfera em passos de dança de partículas. Cheguei no parque sorridente e pleno de espírito, em respeito à natureza, e me embrenhei numa trilha mais fechada. Bosques me fazem sentir de forma mitológica as presenças de dentro e as de fora, gosto de caminhar em transe, meditando a jornada. Foi então que o encontrei, sentado à beira do caminho. Um garoto que lia concentradamente não o mundo, mas seu livro. Impliquei com isso. Fui lhe dizer que estava desperdiçando tudo. Ele nem notou que eu estava ali. Desperdicei meu tempo. Decidi continuar com minha própria loucura controlada, todavia assim que virei as costas o garoto disse:
- A terra inteira é um grande girassol ingênuo, um bulbo rodopiando, uma esperançosa flor atravessando a imensidão sob as promessas da luz. Viver é encontrar e se perder das suas paixões.
Assim que terminou de falar, ele sacou uma caneta do bolso e fez anotações. Só então percebi que não era um livro, mas uma espécie de caderno (ou diário). O rapaz, certamente poeta, teve a mesma ideia que eu, mas não podendo caminhar na via láctea, sentou-se em meio às árvores para que a galáxia caminhasse dentro dele.
Manhã incomum, pinceladas de sinais que parecem me dizer um quadro. Voltei para casa fazendo três caminhadas, as minhas e a do poeta e, ao chegar na portaria do prédio, esbarrei com minha vizinha, Linda, que segurava um vaso com um girassol. Ela me sorriu, sorri de volta, sem saber se era sonho meu, dela, da flor ou do poeta do parque...
Acordei entediado. Encucado, pensei mais do que fiz. Chateado por ter sido tudo um sonho, fui vencido pela inércia, sem esperança, sem poesia. Não celebrei o sol, não saí para caminhar... E nada me aconteceu.
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Semáforo
sexta-feira, 15 de julho de 2016
O monge mais calmo pediu-me uma moeda
Eu sabia que era um truque
Então perguntei se de ouro ou de pedra
Ele riu e me deu uma palavra
Um poderoso mantra, se bem entendi
"Obrigado", ele dizia
Enquanto levava de mim
Um tesouro menor do que o que deixara.
E esgueirando por entre carros
Sentou-se ao lado de sua esperança
Que o aguardava ao pé do semáforo...
Eu sabia que era um truque
Então perguntei se de ouro ou de pedra
Ele riu e me deu uma palavra
Um poderoso mantra, se bem entendi
"Obrigado", ele dizia
Enquanto levava de mim
Um tesouro menor do que o que deixara.
E esgueirando por entre carros
Sentou-se ao lado de sua esperança
Que o aguardava ao pé do semáforo...
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Nos dentes
terça-feira, 12 de julho de 2016
Não se engane, a alma não se esconde
Ondula, vai, mas vem, borbulha
Solve e coagula em superfície, bate
E desembrulha o corpo da verdade na praia
Ressuma, mareja, marulha na areia
Das suas palavras-acidentes...
O que quer que exista dentro de você
Vai dar com a língua nos dentes...
Ondula, vai, mas vem, borbulha
Solve e coagula em superfície, bate
E desembrulha o corpo da verdade na praia
Ressuma, mareja, marulha na areia
Das suas palavras-acidentes...
O que quer que exista dentro de você
Vai dar com a língua nos dentes...
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Overdose
segunda-feira, 11 de julho de 2016
Fátima Maria ontem estava diferente
era pura poesia caminhando
sorridente pelas ruas
deu bom dia
para as árvores e as casas
gingando ao som da música
da própria alma
e tudo a respondia
tudo ressoava
a voz do mundo falava
em tudo e ela ouvia, Fátima Maria
a louca maltrapilha, a alcoólatra
a mãe, a filha e as escolhas ruins
morreu dançando na rua
delirando nua
uma overdose de amor.
era pura poesia caminhando
sorridente pelas ruas
deu bom dia
para as árvores e as casas
gingando ao som da música
da própria alma
e tudo a respondia
tudo ressoava
a voz do mundo falava
em tudo e ela ouvia, Fátima Maria
a louca maltrapilha, a alcoólatra
a mãe, a filha e as escolhas ruins
morreu dançando na rua
delirando nua
uma overdose de amor.
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Amanhecer
sábado, 9 de julho de 2016
Eu tenho um amigo que não acredita no poder da poesia. Ele sempre diz que é coisa de gente romântica, que não acrescenta em nada ficar versando... Mas olha como as coisas são engraçadas... Hoje o encontrei por acaso, de mãos dadas com uma metáfora!
E ele sorria feito a lua minguante: escondendo o que faz. Eu fiquei atrás das entrelinhas, controversando o pescoço para observar de longe e, sorrateiro, segui seu raciocínio até que parou diante de uma recaída e cada um foi para um lado. Quem diria... Não o conhecesse bem, diria que estava apaixonado por um verso tatuado: “A vida é sempre noite se você não amanhecer”...
E ele sorria feito a lua minguante: escondendo o que faz. Eu fiquei atrás das entrelinhas, controversando o pescoço para observar de longe e, sorrateiro, segui seu raciocínio até que parou diante de uma recaída e cada um foi para um lado. Quem diria... Não o conhecesse bem, diria que estava apaixonado por um verso tatuado: “A vida é sempre noite se você não amanhecer”...
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Dentro
quarta-feira, 6 de julho de 2016
Hoje o dia começou curioso... Entrou um sujeito bem vestido no ônibus. Segurava uma bíblia e começou a esbravejar:
- Deus não é senhor do mundo, mas de si mesmo. Assim ecoa fractal o seu verbo: "eu sou"! Não nascemos para sermos senhores de nada, exceto de nós mesmos!...
Passou os preocupados olhos pelos passageiros, encarando um a um, depois sentou-se em silêncio, para ler.
- Deus não é senhor do mundo, mas de si mesmo. Assim ecoa fractal o seu verbo: "eu sou"! Não nascemos para sermos senhores de nada, exceto de nós mesmos!...
Passou os preocupados olhos pelos passageiros, encarando um a um, depois sentou-se em silêncio, para ler.
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(m)Alquimia
segunda-feira, 4 de julho de 2016
O tempo muda o sabor das pessoas
Conheci gente doce, muito doce...
Que azedou-se.
Conheci gente doce, muito doce...
Que azedou-se.
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Alma de poeta
segunda-feira, 27 de junho de 2016
Alma de poeta
é uma flor astral
que se desdobra para dentro e para fora.
Como todas as outras almas...
é uma flor astral
que se desdobra para dentro e para fora.
Como todas as outras almas...
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O tolo e o ouro
domingo, 26 de junho de 2016
ENCONTREI A TAL LÂMPADA MÁGICA!
Fazia uma caminhada. Hoje amanheceu frio. É bom pensar no frio (é bom pensar no calor também, mas caminhando acho melhor no frio). Aí avistei algo, um brilho que se destacava na areia da construção: era uma lâmpada, igual a do Aladdin! Juro!
Esfreguei, lógico. Todo feliz. Sujei a manga da malha. E nada de gênio. Me sentindo estúpido, quis arremessá-la para longe, mas podia dar um bom decorativo, então levei para casa. Lá chegando, fui lavar a peça. Todavia... Mergulhando-a na água, algo estranho: o bico da lâmpada começou a absorver a água, feito um ralo! Ficou mais forte, cada vez maior! Era um vórtex, algo sobrenatural. Puxava tudo, inclusive eu.
Uma grande espiral e acordei em outro lugar, só havia luz ao redor, não sei definir os tons. E uma voz se anunciou. Era grave como o rugido de um leão. Era o gênio! Disse que estávamos dentro da lâmpada e me ofereceu um desejo. Desejei ter três desejos, ele achou graça, mas não aceitou. Imagine minha situação... Todas as palavras do universo para escolher... Todos os problemas para sanar, as possibilidades.
O gênio batia o pé, estava inconformado com minha demora. Meu olho brilhava diante da dúvida. Até que me decidi:
- Gênio... Eu quero um sonho! Eu já nem tenho sonhado. Os dias são tão reais, tão sérios... Meu riso esmaeceu para baixo. O mundo não vai mudar com um desejo, e nem poderia eu viver num mundo ao meu agrado. O mundo é o que é! E eu... Eu só quero...
"Mas que sonho você quer? Fala de uma vez"! Me interrompeu o impaciente espírito.
- Quero o mesmo sonho todas as noites: estar em paz comigo e com todos os seres.
O gênio caiu de rir, mesmo não sendo físico. Disse que eu estava sendo ridículo, que nunca um pedido fora tão inutilmente desperdiçado... Se gabou de já ter parado exércitos, ter elegido grandes governantes etc etc. Me deu outra chance. " Pense bem... O que você realmente quer?", perguntou.
Foi aí que eu entendi que o gênio é quem não sonhava... Também, coitado, como poderia... Com toda aquela luz... Fiquei com poesia da situação dele. Então arrematei:
- Amigo, eu quero que tu sonhes. Que tenhas noites. E que cada sonho teu seja um sonho de paz de alguém do mundo.
Ele agradeceu. Bateu as mãos. Acordei debaixo do meu edredom. O dia estava frio... e pensei: "talvez fosse bom caminhar"...
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Da gente; do bem
sexta-feira, 24 de junho de 2016
"DROGA. Lá vem o Paulo, esse canalha. Maconheiro! Um lixo com pernas". Pensou Dona Dida, dona da banca de jornal. Paulo vinha para casa, descendo a rua. Voltava de um dia de trabalho daqueles... Quando passou defronte a banca, fez um gesto à dona, Dida, que o acenou hipocritamente, balbuciando maldições por detrás dos grandes óculos e falso sorriso. "esse cabelo parece um ninho de rato...", "essa tatuagem é nojenta...", "esse rosto furado...". Ela seguiu o sorridente rapaz com o olhar, desaprovando-o por seja o que for.
Quando Paulo passou pelo Bar do Gorjeta, havia um homem maltrapilho caído, certamente ébrio até o osso da alma, com o olhar perdido (parecia opaco, sem brilho). Paulo o ofereceu atenção, foi verificar se podia fazer algo pelo homem. Sempre acreditou que as pessoas devem fazer umas pelas outras o que fariam por si mesmas. Mas nada conseguiu fazer, o homem sequer o ouviu. Dona Dida ainda o encarava com a boca torta, caindo em rangidas. "Olha lá, encontrou outro vagabundo como ele, aí eles se entendem", resmungou a velha, enquanto ajeitava a imensa lente dos óculos. Riu sozinha em escárnio, alto o suficiente para Paulo virar-se em sua direção e se perguntar o que de tão bom lhe ocorrera para rir assim tão satisfeita. Acabou rindo um pouco com ela. Entrou no bar, falou com o Sr. Gorjeta, apontando para o homem caído. O movimento ia começar, era anoitecer, Gorjeta pareceu interessado em ajudar, mas queria era tirar o espanta-freguesia dali. Sorriu ao Paulo, que pensou estar fazendo algo de bom e saiu, seguindo seu caminho, com os tantos olhares reprovadores pesando sobre suas costas.
A poucos metros de sua casa, Paulo encontrou Boné, um moleque muito magro, mas muito ágil, esperto. Um garoto de 13 anos que mora ali perto, na rua, numa 'invasão'... Sim, porque... Seres humanos invadem as terras em que nasceram... Ao caminhar pela pátria, exercendo seu direito constitucional, ao existirem, se forem pobres, estarão sempre invadindo, vilipendiando... Pensava a maioria naquela rua, nos prédios, comércios e casas que haviam nos 800 metros de rua que vinham do ponto de ônibus até a casa de Paulo.
Boné perguntou a Paulo se tinha alguma coisa para ele. Paulo gostava do garoto e sempre conseguia um agasalho ou chinelo, um livro, um bico, um trocado, um lanche etc. O que quer que conseguisse era muito, pois o avô de Boné era seu único familiar conhecido e estava morrendo em plena rua, ao alcance de tantas mãos tão fechadas, prontas somente para socos. Paulo não tinha nada dessa vez. O garoto saiu arrasado para o lado do avô, que tossia.
Paulo chegou em casa. Ninguém estava lá, coisa rara. "Ótimo!", pensou, e cumpriu o ritual: deixou a mochila na cama, tirou os sapatos e a camisa, vestiu uma bermuda no lugar da calça e abriu a gaveta. Pegou seu cigarro enrolado à mão. Foi para a porta dos fundos, ninguém reparava no quintal neste momento, então com destreza ele subiu no muro para ficar na mangueira. Nos galhos altos, acendeu. Respirava, enfim. A cidade sufocava, tudo era sempre cabal e difícil, definitivo, exceto estar ali, pensando em não pensar. Nunca conseguia, sempre acabava pensando. A erva o deixava encucado, formulava grandes perguntas para si mesmo e arriscava decifrar as respostas, queria encontrar uma forma de ficar mais sábio, se preocupava com o mundo.
Ficou fumando e não percebeu que sua família havia chegado. Voltavam do mercado, haviam comprado cerveja, estavam falando alto. Ele suou frio, apagou o cigarro, deixou-o escondido na árvore e desceu rapidamente, mas o pegaram no pulo... Com os olhos vermelhos.
Mais gritaria, os mesmo xingamentos, mais uma surra. Que vacilo bobo. Podia ter saído, não precisava ficar pensando na própria casa. "Maconha é uma merda, coisa de bandido", seu pai repetia agressivamente. E enquanto bufava acendeu um cigarro para se acalmar... Acabou fumando dois. Ele não sabia, mas ia morrer em dois anos e meio, por conta do câncer de pulmão que ainda não deu sinais.
Paulo sentiu-se envergonhado, queria sair, mas agora era impossível. O jeito era estudar, então abriu as apostilas. Ele é auxiliar de enfermagem. Ganha o suficiente para ajudar a família e pagar seus estudos e alguma cultura, além da planta. Mas quer ser médico. E é um sujeito bastante dedicado. Paulo não se sente controverso. Diz que o fumo é coisa natural. Mas só ele pensa assim naquela rua... Rua de gente correta, que obedece a lei, essa gente de bem."
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"Espionagem amorosa nos tempos de hoje". Ou: "A flecha do cupido é a seta do mouse".
quinta-feira, 23 de junho de 2016
Aquele lance virtual silencioso
Coisa de admirador
Ou agente secreto?
Será que é pós-moderno?
Você sabe do que estou falando...
Nestes tempos de rede social
A gente fica curtindo as fotos
Numa paquera unilateral
Passando o dedinho do mouse,
Acariciando a imagem,
Fazendo cafuné e massagem
Vai que a pessoa sente... ?
Aí digita qualquer coisa e apaga
Só para mostrar que perde palavras
Que faz escolhas estratégicas
Para enviar uma mensagem
Vai que a pessoa nota?
E desenrola aquele "agora diz"...
A telepaixão, às vezes, para ocorrer
Só precisa de um clique do acaso!
E a gente ri - o coração é bobo.
É gostoso amar em imaginário,
Ficar se declarando para a tela
Delirar um "se você topar eu caso".
Quem precisa conhecer o outro?
É isso que quase nunca dá certo!
... Mas a gente não diz nada, claro...
Geralmente o melhor amar é o secreto!
Coisa de admirador
Ou agente secreto?
Será que é pós-moderno?
Você sabe do que estou falando...
Nestes tempos de rede social
A gente fica curtindo as fotos
Numa paquera unilateral
Passando o dedinho do mouse,
Acariciando a imagem,
Fazendo cafuné e massagem
Vai que a pessoa sente... ?
Aí digita qualquer coisa e apaga
Só para mostrar que perde palavras
Que faz escolhas estratégicas
Para enviar uma mensagem
Vai que a pessoa nota?
E desenrola aquele "agora diz"...
A telepaixão, às vezes, para ocorrer
Só precisa de um clique do acaso!
E a gente ri - o coração é bobo.
É gostoso amar em imaginário,
Ficar se declarando para a tela
Delirar um "se você topar eu caso".
Quem precisa conhecer o outro?
É isso que quase nunca dá certo!
... Mas a gente não diz nada, claro...
Geralmente o melhor amar é o secreto!
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Bocavento
terça-feira, 21 de junho de 2016
O céu da cidade agora é sempre cinza
nunca mais saiu o sol, desde que
Tito Manja-Léguas! Famoso Bocavento...
Pássaro caminheiro entre os homens
Passou a contemplar a cidade
de cima dos prédios
Tocando sua gaita ininterruptamente
Mas ninguém sabia o porquê.
É que Tito escondia um segredo:
Prestidigitador do vento,
Fazia música para deprimir seus males
Assim seus demônios sentavam tristes
Encantados com o outono e as árvores
E ouviam seu canto sem nada dizer...
nunca mais saiu o sol, desde que
Tito Manja-Léguas! Famoso Bocavento...
Pássaro caminheiro entre os homens
Passou a contemplar a cidade
de cima dos prédios
Tocando sua gaita ininterruptamente
Mas ninguém sabia o porquê.
É que Tito escondia um segredo:
Prestidigitador do vento,
Fazia música para deprimir seus males
Assim seus demônios sentavam tristes
Encantados com o outono e as árvores
E ouviam seu canto sem nada dizer...
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A Brasília que ninguém vê
segunda-feira, 20 de junho de 2016
Passo o tempo por entre vias
Entrequadras, entre passos e vento
Além da cidade antecipada
Do olhar vazio voando baixo
Nos bosques de pedras e gentes...
A Brasília que ninguém vê
São os amigos perdidos, distantes,
Ausentes...
Entrequadras, entre passos e vento
Além da cidade antecipada
Do olhar vazio voando baixo
Nos bosques de pedras e gentes...
A Brasília que ninguém vê
São os amigos perdidos, distantes,
Ausentes...
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Perder-se, sem deixar de saber onde está
domingo, 19 de junho de 2016
Quase nunca escrevo sobre mim, muito embora haja quase sempre muito de mim no que escrevo. Para escrever, eu medito alucinadamente: é um transe poético. O poeta vive o sonho, ele não é quem é, nem é o que escreve. É um mensageiro. A maioria dos pensamentos é que me encontram, quando não me dito. Muitas vezes acabo sendo outra mente, em algum outro lugar ou tempo neste ou noutro planeta... Eu vivo outra vida, para não virar um museu... Essa é a poesia, a palavra pupação em movimento perene. O poema é um mapa para chegar ali. Mas não existem direções definidas, então... Cada cabeça lê o mapoema de uma forma diferente... A labuta é escrever um mapa que todos possam ler de qualquer forma e sempre dê em poesia. Por isso, ser um só não basta. Por vezes pode soar controverso, confuso, estranho, mas isso só ocorre se se ignorar a licença poética e a existência do eu lírico... A labuta de quem lê é perder-se no poema, sem deixar de saber onde está.
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Natural
sábado, 18 de junho de 2016
O laboratório não vende a substância
A substância a natureza esbanja
O que o laboratório vende é o saber
Saber separar o ativo
Da planta
Para compor a pílula
A pílula tem estatísticas
Não sempre
Mas eu desconfio dos números
Mais que das aromáticas respostas
Se a incerteza é fria
A minha intuição não falha
Natureza é fonte
Medicina é Gaia.
A substância a natureza esbanja
O que o laboratório vende é o saber
Saber separar o ativo
Da planta
Para compor a pílula
A pílula tem estatísticas
Não sempre
Mas eu desconfio dos números
Mais que das aromáticas respostas
Se a incerteza é fria
A minha intuição não falha
Natureza é fonte
Medicina é Gaia.
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Fonte
quinta-feira, 16 de junho de 2016
Meditação não é medicação...
Mas para a mente, qual é a diferença?
Placebo existe, o poder opera, a auto-sugestão transforma.
Às vezes o amor é melhor que o remédio...
Às vezes é um tédio o nosso maior inimigo
E não o vírus. Mas o emprego, a solidão
O cansaço, o abate, a falta de brio... Tudo isso também é placebo
Só que ao contrário: é o botão da auto-destruição...
Não adianta tratar sua doença
Se você não elimina a causa dela
Nem sempre o problema está onde você vê
Você olha a sombra-efeito, olha o defeito
Mas devia buscar sua causa-fonte
Olhe adiante... O horizonte só existe em você.
Mas para a mente, qual é a diferença?
Placebo existe, o poder opera, a auto-sugestão transforma.
Às vezes o amor é melhor que o remédio...
Às vezes é um tédio o nosso maior inimigo
E não o vírus. Mas o emprego, a solidão
O cansaço, o abate, a falta de brio... Tudo isso também é placebo
Só que ao contrário: é o botão da auto-destruição...
Não adianta tratar sua doença
Se você não elimina a causa dela
Nem sempre o problema está onde você vê
Você olha a sombra-efeito, olha o defeito
Mas devia buscar sua causa-fonte
Olhe adiante... O horizonte só existe em você.
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Passarinhos andarilhos
quarta-feira, 15 de junho de 2016
Sete crianças desciam nove ruas farejando frescor matinal
Musicalidade
Por cada poro do corpo, da alma e da mente
Bebiam lucidamente atmosfera, bichos, relva
Em passos de dança de partículas
Para todas as direções
Faziam reverência ao nada, sorridentes e plenas de espírito
- Em respeito à natureza -
Absorveram numa trilha mais fechada
Caminhando em transe, levemente
Meditando os movimentos, a jornada
Até chegarem à clareira do bosque
Um subterfúgio de passarinhos andarilhos
Que não podendo caminhar na via láctea
Deitam-se como as árvores do caminho
Para que a galáxia passeie dentro deles...
Musicalidade
Por cada poro do corpo, da alma e da mente
Bebiam lucidamente atmosfera, bichos, relva
Em passos de dança de partículas
Para todas as direções
Faziam reverência ao nada, sorridentes e plenas de espírito
- Em respeito à natureza -
Absorveram numa trilha mais fechada
Caminhando em transe, levemente
Meditando os movimentos, a jornada
Até chegarem à clareira do bosque
Um subterfúgio de passarinhos andarilhos
Que não podendo caminhar na via láctea
Deitam-se como as árvores do caminho
Para que a galáxia passeie dentro deles...
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A professora de levitação
terça-feira, 14 de junho de 2016
Minha professora de levitação é a maior figura! Na aula de hoje, levou uma bicicleta! Com rodas. Sim, é que achamos estranho, afinal, é a terceira aula e nada de sair voando por aí. Mas a mestra é dessas almas que, quando falam, encantam como água e estrelas. Ela explicou calmamente que ninguém levita do nada! É preciso ir tomando gosto aos poucos, senão o pé não sai do chão. No começo eu não entendi bem, mas então foi minha vez de pedalar. Fiz como ensinou a professora, fui pegando gosto pelo vento. Atravessei as paisagens noturnas feito um pássaro! Um pássaro com rodas, sim, mas eu pude sentir, por alguns instantes... A ventania... Corria e ela me abraçava, pegando carona comigo. E eu descobri: ela é que ensina a gente a voar. A gente vai se gostando, ela começa passando a mão no nosso rosto. Depois, os cabelos alucinam num rock'n roll de dedos-brisas, carícias, rajadas... Então eu pedalei mais forte, quis liberdade, abri os braços e, de repente, uma capivara! MERDA!
Tropecei as intenções. Finalmente saí voando, porém não da forma como eu queria. Foi emocionante, já que eu fiquei com mais medo de morrer de susto da capivara que da queda e, tendo sobrevivido às duas coisas, me senti triplamente vitorioso (a terceira conquista foi aprender a lição do dia). Voltei rindo, todo sujo e arrebentado, carregando a bicicleta que, por sorte, ficou intacta! A professora me perguntou o que eu tinha entendido do exercício. Respondi que, na vida, quem não pedala com vontade vira capivara, que é um bicho horripilante no escuro, sobretudo para quem pedala ambiciosamente. A mestra derramou uma sonora gargalhada, mas sabia que o exercício havia sido um sucesso! Voar pode levar ainda um tempo, entretanto já percebi que o segredo está no sentimento cultivado. Por um instante, foi tão bom sentir a brisa soprando meu rosto que, vivendo aquele momento, amando-a, tornei-me leve e cheio de vida... Isso é levitar por dentro e, se a gente aprende a levitar por dentro, nem precisa levitar por fora, porque a grandiosidade do ato é a mesma.
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Olhos e ouvidos
segunda-feira, 13 de junho de 2016
Ah, vozes do mundo
coro da natureza circundante
amigos, irmãos, parentes distantes...
deixem-me só.
deixem-me ausente.
Esqueçam-se de quem fui
pois eu já não sou senão dúvidas...
nada tenho a oferecer
não lhes sei o que dizer
eu só sei calar-me em bobos risos
Quero ouvir apenas o sol
efervescendo vida
daqui, das nuvens escuras e frias
topo da montanha que me escalei
e nada encontrei, senão silêncios.
Tenho saudades do que nunca veio
sinto tanta falta de tudo que perdi
que já não sei o que ganho
em minhas mãos nada guardei
exceto meus olhos e ouvidos...
coro da natureza circundante
amigos, irmãos, parentes distantes...
deixem-me só.
deixem-me ausente.
Esqueçam-se de quem fui
pois eu já não sou senão dúvidas...
nada tenho a oferecer
não lhes sei o que dizer
eu só sei calar-me em bobos risos
Quero ouvir apenas o sol
efervescendo vida
daqui, das nuvens escuras e frias
topo da montanha que me escalei
e nada encontrei, senão silêncios.
Tenho saudades do que nunca veio
sinto tanta falta de tudo que perdi
que já não sei o que ganho
em minhas mãos nada guardei
exceto meus olhos e ouvidos...
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Cabe no bolso do mágico
domingo, 12 de junho de 2016
A linha segue intacta
pronunciada pelos tudos
os todos.
Pelas luzes desenhada
na proporção de uma ideia
fosca, alheia
Negociando um torpor
factual
portátil
cabe no bolso do mágico
mas nunca se esgota em
mero episódio isolado
A luz-linha é um acaso
forçado.
pronunciada pelos tudos
os todos.
Pelas luzes desenhada
na proporção de uma ideia
fosca, alheia
Negociando um torpor
factual
portátil
cabe no bolso do mágico
mas nunca se esgota em
mero episódio isolado
A luz-linha é um acaso
forçado.
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Há muito mais...
sexta-feira, 10 de junho de 2016
Há muito mais do que o que se manifesta através do comportamento do ser. A raiz, o próprio SER, é algo que flui por entre as informações, identificando-se, realizando a si, contudo, esse SI é algo maior, outro resultado da natureza do universo, não condicionado ao comportamento, mas vivenciando-se através deste último.
O engano está em assumir que o comportamento é a identidade absoluta do ser, aprisionando-o, destarte, numa imagem historicamente situada, quando, na verdade, o ser pode deliberadamente não ser. É a liberdade sem rosto da consciência (o tal do livre-arbítrio) que fundamenta a experiência individual do organismo consciente.
A própria constituição do tecido existencial só é possível graças às intermináveis combinações entre as informações que o compõem, mas como julgar a natureza do universo a partir de suas manifestações? Contemplo, admirado, toda a resplandecente manobra do ocaso, contemplo tudo, todavia resta a questão: quem vestiu os meus olhos para saber-me?
Ninguém andou por sobre minha pele, ninguém sentiu este ponto no espaço-tempo. Quem pode julgar-me? Como posso julgá-los? Não vivo para sobreviver, eu não quero lutar, eu quero o tempo, o bom tempo, a raiz, o tronco, as folhas e o vento. Ouvir as paisagens em que este ponto autoconsciente existe, é isso que me importa: a árvore!
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Duas flores
quinta-feira, 9 de junho de 2016
Havia duas benditas flores na porta da minha casa! Quem as teria deixado ali? E por que razão? Pobres das flores (foi o que pensei de imediato) arrancadas de sua suprema e breve fórmula de viver... Todavia, querendo crer no bem por detrás deste sinal, precisei de seguir uma hipótese solutiva apressadamente e, na falta de algo mais elaborado, conduzi-me a refletir acerca de uma possível boa intenção motivando este aromático sacrifício! Doce perfume, a ilusão. Nada mais tolo que tal degenerado eco de gestos prontos, baratos! Duvidei das duas flores. Duvidei de mim, também, afinal, quem quer sempre agir é o mistério intermitente, eu posso ser apenas um sonho das plantas, assim como as flores.
Não me foi possível elaborar uma resposta definitiva sobre a motivação essencial desta situação, contudo é curioso constatar que, por mais que queira eu encontrar formas de repensar minha reação diante das tão delicadas presenças florais, o encanto que as permeia é avassalador... Penso mais em coisas agradáveis que desagradáveis, quando contemplo a perfeição natural das pétalas e sua diminuta preocupação com a longevidade. Este pensamento igualmente não durou mais que sua própria beleza e minguou. Isso porque agora talvez eu tenha compreendido algo para além do imediato: nunca importa quem nos traz flores, mas o que temos dentro de nós e que é capaz de reparar não no que vivenciamos, mas no que é vivenciado por outrem.
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Correnteza
terça-feira, 7 de junho de 2016
Todos querem falar em culpa
Eu não os culpo se gritam ou sussurram isso
São apenas desculpas reconfortantes
Eu não nos vejo cientes, empoderados
Eu vejo cinzas... provocadas pelo fogo
À mercê do ar, destinadas a nutrir a terra
Bocas, numa íntima conversa entre fenômenos
Poderia não ser assim?
Poderíamos, de fato, ter poder sobre nossas vidas?
Quanta grandeza sentimos? Quantas realizamos?
Somos falhos?
Acenamos com a bandeira do orgulho
Passeia de mão em mão nosso melhor legado
Sorrimos, confusos diante uns dos outros
Desejamos a tempestade, mas nós a somos e passamos
Espera-se que todos saibam sempre fazer o seu melhor
"É sua história aqui, sua existência! Queime tudo!", dizem
Mas o sangue esfria e a chuva cai sem nada de especial
Isso é falta de poesia
Não há culpados, o que há é quem culpe!
E isso é falta de consciência
Não de capacidades
Esse olhar para x e não para y é nossa realidade
Somos um sonho com pernas, mas nossa vida desperta
É uma busca por asas
E quando voamos, queremos nadar
E quando nadamos, queremos culpar alguém
Porque não voamos
Nós não vemos a pessoa, vemos nossas ideias sobre ela
Sobre nós mesmos...
Sobre o que "aprendemos" a pensar?
Pensar não é um ato estático, condicioná-lo é insanidade!
Questiono o momento que sou, porém não ouso culpar-me
Meus limites nunca foram para os de fora não entrarem
Eles apenas me aprisionaram em ideias que guardei
E eu posso ver além disso, eu posso sentir, eu sei
Este momento em que somos é tão vastamente complexo
Tudo é tão profunda e perfeitamente costurado
Maravilho-me diante do momento
Como posso perder meu tempo buscando desculpas
Não me culpo, ocupo. Ocupo o espaço de minha identidade
Nada está sob controle! Viver não tem mapas!
Sou porque o mundo me é sem aspas
Eu não sigo a correnteza, eu a sou
Compreender este aqui é, talvez, o maior dos passos
Não se dança conforme a música, mas conforme o ritmo
O ritmo é resultado do mundo
Ou o mundo é resultado do ritmo?
Cabe apenas a você decidir
Mas decida apenas por si mesmo
Não é um espelho, nem a luz, nem a visão
Não há somente uma causa para o reflexo
Nem somente um efeito.
Olha direito.
Eu não os culpo se gritam ou sussurram isso
São apenas desculpas reconfortantes
Eu não nos vejo cientes, empoderados
Eu vejo cinzas... provocadas pelo fogo
À mercê do ar, destinadas a nutrir a terra
Bocas, numa íntima conversa entre fenômenos
Poderia não ser assim?
Poderíamos, de fato, ter poder sobre nossas vidas?
Quanta grandeza sentimos? Quantas realizamos?
Somos falhos?
Acenamos com a bandeira do orgulho
Passeia de mão em mão nosso melhor legado
Sorrimos, confusos diante uns dos outros
Desejamos a tempestade, mas nós a somos e passamos
Espera-se que todos saibam sempre fazer o seu melhor
"É sua história aqui, sua existência! Queime tudo!", dizem
Mas o sangue esfria e a chuva cai sem nada de especial
Isso é falta de poesia
Não há culpados, o que há é quem culpe!
E isso é falta de consciência
Não de capacidades
Esse olhar para x e não para y é nossa realidade
Somos um sonho com pernas, mas nossa vida desperta
É uma busca por asas
E quando voamos, queremos nadar
E quando nadamos, queremos culpar alguém
Porque não voamos
Nós não vemos a pessoa, vemos nossas ideias sobre ela
Sobre nós mesmos...
Sobre o que "aprendemos" a pensar?
Pensar não é um ato estático, condicioná-lo é insanidade!
Questiono o momento que sou, porém não ouso culpar-me
Meus limites nunca foram para os de fora não entrarem
Eles apenas me aprisionaram em ideias que guardei
E eu posso ver além disso, eu posso sentir, eu sei
Este momento em que somos é tão vastamente complexo
Tudo é tão profunda e perfeitamente costurado
Maravilho-me diante do momento
Como posso perder meu tempo buscando desculpas
Não me culpo, ocupo. Ocupo o espaço de minha identidade
Nada está sob controle! Viver não tem mapas!
Sou porque o mundo me é sem aspas
Eu não sigo a correnteza, eu a sou
Compreender este aqui é, talvez, o maior dos passos
Não se dança conforme a música, mas conforme o ritmo
O ritmo é resultado do mundo
Ou o mundo é resultado do ritmo?
Cabe apenas a você decidir
Mas decida apenas por si mesmo
Não é um espelho, nem a luz, nem a visão
Não há somente uma causa para o reflexo
Nem somente um efeito.
Olha direito.
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A poesia
segunda-feira, 6 de junho de 2016
A poesia não é a cadeira de balanço da consciência
É a árvore intacta, plena de possibilidades
Árvore professora, mestra natureza, universidade transubstancial
O poeta não corta a árvore para dela se servir
O poeta sabe que a árvore é um ser magnífico
O que encanta o poeta é a beleza inerente e a inteligência da semente
Linhas e cores
Quando a vida é mais fresca à sombra de uma árvore
Quando o vento alucina as folhas
Quando o fruto está maduro
Tudo isso, o aroma intrínseco, a vida harmônica
É natural o sonho do poeta
A poesia não é a cadeira de balanço da consciência
É a árvore intacta, universidade transubstancial...
É a árvore intacta, plena de possibilidades
Árvore professora, mestra natureza, universidade transubstancial
O poeta não corta a árvore para dela se servir
O poeta sabe que a árvore é um ser magnífico
O que encanta o poeta é a beleza inerente e a inteligência da semente
Linhas e cores
Quando a vida é mais fresca à sombra de uma árvore
Quando o vento alucina as folhas
Quando o fruto está maduro
Tudo isso, o aroma intrínseco, a vida harmônica
É natural o sonho do poeta
A poesia não é a cadeira de balanço da consciência
É a árvore intacta, universidade transubstancial...
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Leve
domingo, 5 de junho de 2016
Eu não sou o tipo de pessoa que fica "pisando em ovos". Eu não estou nem aí para o seu conceito de certo ou errado, ordem ou desordem, importante ou banal... Para mim, você não sabe de nada! Só o que te sobrou do que veio de fora. Mas por dentro, o que é que você oferece a partir daí? Ovos, talvez... Algo quebrantável, cascas, vida... Você oferece a própria vida ao tempo, ao existir, a troco de quê, mesmo? Ovos, talvez, algo insustentável! Útil, quem sabe bom, às vezes, mas pouco, sozinho. Já eu... Eu sobrevoo as cascas, orbito a dúvida, não creio em lógicas só porque fazem sentido, eu quebro a cara... Aprendo o mundo como quem examina universalidades, eu não busco agradar quem quer que seja, eu sou o seja, o resto é o faça-se e, no centro, há a terra, a extensão viva de sonhares, o planeta rodopiando os seres, deixando-os confusos, trocando os olhares, tentando entender... E eu ali, assistindo tudo e aprendendo a viver-me mais que pensar-me, no bem. Eu sou o tipo de pessoa que gosta de pisar o pé no chão, sabendo que está voando no meio do espaço... Afinal, na esfera existencial, todo ponto é um centro, inclusive o ovo pode ser o centro do universo, mas esse papo não é novo. Importante é você saber: tudo se vive interiormente, então repense (com poesia) as paisagens que te habitam o ser. Te sobrevoo o ter. Choque teus ovos. Cheque teu ver. Eu piso firme... Feito a luz do amanhecer.
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Do Centro
sábado, 4 de junho de 2016
A única coisa que permanece é a mudança
O mesmo brilho que me alumia os passos pode me cegar
Quando falo de mim, não estou falando de alguém
O único Deus que posso ver é o mundo
Cada erro é um desvio para fora de mim
A vontade pode (ou não) ser sua própria extinção
Quando falo de paz, não é de mim que falo
A mesma vida divide a substância-corpo existencial
A vontade presencia os fatos, crê nas regras
Cada caminho é um caminho para dentro de mim
O mesmo brilho que me alumia os passos pode me cegar
Quando falo de mim, não estou falando de alguém
O único Deus que posso ver é o mundo
Cada erro é um desvio para fora de mim
A vontade pode (ou não) ser sua própria extinção
Quando falo de paz, não é de mim que falo
A mesma vida divide a substância-corpo existencial
A vontade presencia os fatos, crê nas regras
Cada caminho é um caminho para dentro de mim
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As Árvores
sexta-feira, 3 de junho de 2016
Contei às árvores que também sou a noite. "Então mostre-nos suas estrelas", ela suplicaram-me. E eu lhes disse: "eu sou a noite, não o sonho que a habita".
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O Livro do Mundo
quinta-feira, 2 de junho de 2016
A Natureza é nossa primeira e grande mestra, nossa professora... Somos resultantes dos processos da Natureza e nela podemos encontrar reflexos do inominável em nós. Todo o nosso conhecimento, nossa saúde, nosso existir, tudo isso faz parte do banquete servido pela Natureza... Nós não somos seus hóspedes, somos seus filhos - compartilhamos muito mais que sua substância.
Não somos irmãos? Não somos fruto da ação do cosmos no espaço-tempo Terra?
Está diante de nós: o livro do mundo só não lê quem não quer!
Mas eu me encanto.
Eu amo seguir o rumo de um ramo
e ver no que árvores, que jardim,
tudo se dará, as profecias climáticas,
as vivências metafísicas,
toda a orquestra de falhas não fará mais sentido,
nós não mais tocaremos sons,
nós tocaremos nossas almas...
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Estrelas ao Contrário
quarta-feira, 1 de junho de 2016
Passei mal em plena rua. Ninguém me ajudou. Minha visão estava turva, eu cambaleava, pedindo ajuda, mas nada. Todos tão ocupados e eu sozinho na calçada perdendo consciência. Primeiro perdi a razão. Não podia me queixar, afinal, quem é que sabe de alguma coisa? Dava na mesma, mas... Ainda pensando assim eu perdi o equilíbrio e exagerei uma translação ao redor de mim mesmo, eu me orbitava e tropecei numa placa. Caí, tentando segurar alguma imagem do que sobrava de quem eu era, todas derramaram... A sociedade foi-me chovendo decadências, "estrelas ao contrário", alguém me sussurrava e eu não entendi. Perdi a identidade, perdi a noção. Não havia a quem recorrer, eu já não era ninguém. Anoiteci na rua, quase congelei. O tempo passou sem que eu notasse e, quando emagreci, quando eu não tinha nada, quando eu morri... Tiraram uma foto minha. O vivo enoja, enjoa, dá asco! O morto é coisa, é fácil. Coisa pode virar arte. Gente só pode ser arte se for gente ou coisa. Mas vivo eu era indigesto, eu era indigente.
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A Casa
terça-feira, 31 de maio de 2016
Nesta casa, mais de um. Quando se pensa, sabe-se estar pensando: algo de dentro observa cada arranjo de ideias... Quem observa? Humano, não é, mas humanamente há de inventar-se. Esta casa não é habitada por almas; ela habita a alma; a alma é habitada por almas; a casa está brotando nos jardins...
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O Oceano de Asfaltos
segunda-feira, 30 de maio de 2016
Hoje eu falei com a autoridade consular das árvores! Havia sal de pele, acidez, suor escorrendo frio, avenida, dígito, campainha e uma arritmia de brisas na minha cabeça, enquanto os motoboys atravessavam o estreito espaço entre os carros agarrados a mísseis! E ela, a plena de mistérios estrangeiros, toda musical, estava revoltadíssima, era um fogo sigiloso, uma língua mafiosa, queria saber a razão dos maquinários todos marulhando nesse oceano de asfaltos - me veio com uma esgrima de palavras! Emudeci, não tinha entendido nada! Afinal, vivo é para me confiar às placas, sigo o fluxo, não entendo de árvores nem de procedimentos diplomáticos... Neguei, pela terceira vez essa semana, o chamado para uma jornada interior.
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A /P/Arte
domingo, 29 de maio de 2016
Agora sou eu quem manda. Mudei as regras do jogo.
Não vos ameis uns aos outros!
Amai a vós mesmos e mais nada!
Todo ser tem o dever de se amar!
Ser feliz é direito de quem assim cumprir.
A punição aos que não se amarem será a morte
Da própria felicidade! Será a má-sorte!
Será descobrir-se parte
Quebrada da arte de nada relevar aos de fora,
Quando a missão verdadeira no mundo
É alegrar-se por ver a si mesmo em todas as formas
Da arte de ser natureza...
Não vos ameis uns aos outros!
Amai a vós mesmos e mais nada!
Todo ser tem o dever de se amar!
Ser feliz é direito de quem assim cumprir.
A punição aos que não se amarem será a morte
Da própria felicidade! Será a má-sorte!
Será descobrir-se parte
Quebrada da arte de nada relevar aos de fora,
Quando a missão verdadeira no mundo
É alegrar-se por ver a si mesmo em todas as formas
Da arte de ser natureza...
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Semente
sábado, 28 de maio de 2016
Caminho de costas
Árvores me guiam pela estrada
Eu passo a passo solstício, terra fico
Enquanto ela fragmentos, ela passa nuvens
Sempre passarinhos, seus pequenos sinos
E sempre pelas flores... aroma-sortilégio
Tombo por desacreditar a semente
Por exagerar a perna do olhar os bosques
E ela se cala
A vida não fala
Ela é, somente.
Árvores me guiam pela estrada
Eu passo a passo solstício, terra fico
Enquanto ela fragmentos, ela passa nuvens
Sempre passarinhos, seus pequenos sinos
E sempre pelas flores... aroma-sortilégio
Tombo por desacreditar a semente
Por exagerar a perna do olhar os bosques
E ela se cala
A vida não fala
Ela é, somente.
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Poema em Substância
sexta-feira, 27 de maio de 2016
Alma, pela própria origem, aquilo que anima. Animal, planta, homem, mundo: tudo está animado com esse presságio de chuva que vem chegando. A vida fala água e a vida sede responde. E eu só olhando.
O corpo da planta é a alma da planta declamando seu poema em substância. Nada é mais transcendental que a própria vida acontecendo agora. A natureza ri, ela vai, ela volta, ela chora... E nada me tira da cabeça que tudo que sou poesia é natureza noite, natureza dia, natureza corpo e alma...
Ao pé da janela, contemplo a escurecida tarde. Ouço as árvores, a brisa... E penso nelas... Para aprender o que somente observar a natureza ensina.
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Touch Wars I
quarta-feira, 25 de maio de 2016
Um malabarismo, outra vez
Eu todo desajeitado
Travei uma batata palha com o celular!
Cachorro que tem? Não! Meu arquivo inimigo:
O oratório ortográfico! Esse maldito.
Eu não ao certo um ano!
Tá mordendo os pés dos meus cavalos
CABELOS
Num cenário de atos falhos
... Ou será que existe
Possessão com celular?
Eu todo desajeitado
Travei uma batata palha com o celular!
Cachorro que tem? Não! Meu arquivo inimigo:
O oratório ortográfico! Esse maldito.
Eu não ao certo um ano!
Tá mordendo os pés dos meus cavalos
CABELOS
Num cenário de atos falhos
... Ou será que existe
Possessão com celular?
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É olhar o universo
terça-feira, 24 de maio de 2016
Toda materna, no meio da praça
A moça sacou fora a teta
A bebê sorriu graciosa!
Há cena mais plena e bela?
Eu só sinto vergonha alheia
Por quem se incomoda com o natural
Deleite da vida. Afinal, se há respeito,
Como perder a paz com a paz
Da criança ou com a natureza da mãe?
A moça sacou fora a teta
A bebê sorriu graciosa!
Há cena mais plena e bela?
Eu só sinto vergonha alheia
Por quem se incomoda com o natural
Deleite da vida. Afinal, se há respeito,
Como perder a paz com a paz
Da criança ou com a natureza da mãe?
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Quem sabe?
segunda-feira, 23 de maio de 2016
A verdade é como a mentira,
Só que você acredita nela.
Só que você acredita nela.
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Saudade miragem
sábado, 21 de maio de 2016
Saudade é não ter um passarinho na minha janela
E mesmo assim ouvir seu canto...
É alegrar-me tanto
Quanto me entristeço
Ao olhar para ver se não está mesmo ali...
E mesmo assim ouvir seu canto...
É alegrar-me tanto
Quanto me entristeço
Ao olhar para ver se não está mesmo ali...
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Sobre o Difícil
sexta-feira, 20 de maio de 2016
Hoje à tarde fui dar um rolê aqui perto, numa quadra "velha" de Brasília. Quadra bonita, cheia de gente intrigante. Eis que encontrei uma grande figura, esse sim velho, o Sr. Antunes! Falo assim com todo o respeito, o negócio é que ele é bem velho mesmo (diz a lenda que tem 108 anos)... Ninguém sabe ao certo. Quando estavam construindo Brasília, dizem, ele já era velho! Sua longa barba branca e milhares de histórias escondem ou revelam quantas voltas já deu ao redor do sol... Não dá para saber. O caso é que este curioso senhor costuma ficar conversando com as pessoas na rua, especialmente os jovens! E fica falando coisas cheias de sentido! É terrível!! Hahaha.
Ele me parou hoje...
Falou sobre a palavra "difícil". Falou, não. ensinou. Contou que é uma ilusão perigosa, uma grande armadilha. Insistiu que difícil é coisa que botaram na minha cabeça, porém não existe. Falou entusiasmado. Ele quis provar seu argumento. Disse assim: "se eu te pedir para catar 10 grãos de feijão, é difícil?". Eu fui obrigado a dizer: "claro que não, Sr. Antunes"!! Velho malandro e eu de mané. Daí ele prosseguiu, com um brilho aceso nos olhos: "se eu te pedir para catar 50 grãos, é difícil?". E eu, já quase entendendo, ficando pasmo, arrematei: "... Não, Sr. Antunes...". Ele realmente parecia se divertir com meu estado. O ancião continuou: "se eu derramar 20 sacas de feijão aqui e VOCÊ tiver que catar ( neste momento cutucava-me no peito, arqueando a sobrancelha), vai ser difícil?". E eu... "Poxa, Sr. Antunes... 20 sacas, né...". O velho vibrou os braços: VIIIUUU??!... Esse é o nosso maior inimigo!! É se convencer de que a situação mudou! Mas não mudou, a coisa é a mesma, a atividade é a mesma, só exige paciência porque requer mais tempo, só que as pessoas não querem esperar e, por isso, quanto não se perdeu e ainda se perde, na história?...". Ele passou a mão na barba, me deu uma cotovelada e concluiu: "hã?".
Voltei para casa branco como os poucos cabelos do sábio Antunes... E tropecei num buraco negro de pensamentos cósmicos.
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Francíscaro
quinta-feira, 19 de maio de 2016
Francisco Ícaro
Subiu numa montanha para falar com Deus.
E só então se apercebeu:
que o horizonte é mais distante
perto do céu
que a montanha
não é de pedras
mas de passagens
que Deus não estava em casa
porque a casa não era o céu
a casa de Deus é o mundo.
Quando desceu da montanha
Francisco Ícaro deparou
com uma estranha situação
as pessoas que outrora conheceu
já não estavam ali
cada uma era um quintal de Deus
Ícaro via Deus
no rosto de cada pessoa
cultivando vida
vivenciando as incontáveis formas
de experienciar cada ideia que teve.
Francíscaro já não sabia quem era
se ele havia ali ou se era ilusão
um sonho alheio...mas Deus interveio e bradou:
FRANCISCO ÍCARO!
OLHA A TUA MÃO!
E Francisco olhou
ele passava
sim, ele escorria
Francisco era um deserto,
Ícaro a ventania.
Num brusco solavanco
Francisco acordou assustado
fora tudo um sonho?
Que bom! Estava agradecido
E nunca mais, pensou
pedirei ao Universo
que se explique
levantou convencido
mas ao pisar na rua gelada
e perceber que o mundo havia morrido
Ícaro riu consigo. Enlouqueceu
só era noite...
pobre Francíscaro...
trancado no hospício
sem poder falar com Deus...
Subiu numa montanha para falar com Deus.
E só então se apercebeu:
que o horizonte é mais distante
perto do céu
que a montanha
não é de pedras
mas de passagens
que Deus não estava em casa
porque a casa não era o céu
a casa de Deus é o mundo.
Quando desceu da montanha
Francisco Ícaro deparou
com uma estranha situação
as pessoas que outrora conheceu
já não estavam ali
cada uma era um quintal de Deus
Ícaro via Deus
no rosto de cada pessoa
cultivando vida
vivenciando as incontáveis formas
de experienciar cada ideia que teve.
Francíscaro já não sabia quem era
se ele havia ali ou se era ilusão
um sonho alheio...mas Deus interveio e bradou:
FRANCISCO ÍCARO!
OLHA A TUA MÃO!
E Francisco olhou
ele passava
sim, ele escorria
Francisco era um deserto,
Ícaro a ventania.
Num brusco solavanco
Francisco acordou assustado
fora tudo um sonho?
Que bom! Estava agradecido
E nunca mais, pensou
pedirei ao Universo
que se explique
levantou convencido
mas ao pisar na rua gelada
e perceber que o mundo havia morrido
Ícaro riu consigo. Enlouqueceu
só era noite...
pobre Francíscaro...
trancado no hospício
sem poder falar com Deus...
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Ser preciso
quarta-feira, 18 de maio de 2016
Não, eu não sou forte
não cuspo cascalho
nem visto muralha
não tenho armadura
eu sou suscetível
desmonto tão fácil...
cair é quase já o fim
do meu passo
não vê minhas palavras?
disfarce
são escadarias
estreitas
perceba
como escapo das entrelinhas
mas piso nas arestas
escorregadias
enquanto o tempo
me descreve errado
todavia
não subestime
eu não disse
que não sei ser forte
ser preciso
é outra coisa
eu guardo energia
quando não estou
preocupado
e observo de dentro
sem tentar mudar
eu fico ao lado
na janela do ver
meus olhos anoitecem
colhendo olhares
estrelas
as copas das árvores
as nuvens...
eu amo o silêncio
das ruas das palavras
na madrugada do subentendido
sou essa fraqueza
não me sobra parecer forte
porque amo ouvir
a natureza.
não cuspo cascalho
nem visto muralha
não tenho armadura
eu sou suscetível
desmonto tão fácil...
cair é quase já o fim
do meu passo
não vê minhas palavras?
disfarce
são escadarias
estreitas
perceba
como escapo das entrelinhas
mas piso nas arestas
escorregadias
enquanto o tempo
me descreve errado
todavia
não subestime
eu não disse
que não sei ser forte
ser preciso
é outra coisa
eu guardo energia
quando não estou
preocupado
e observo de dentro
sem tentar mudar
eu fico ao lado
na janela do ver
meus olhos anoitecem
colhendo olhares
estrelas
as copas das árvores
as nuvens...
eu amo o silêncio
das ruas das palavras
na madrugada do subentendido
sou essa fraqueza
não me sobra parecer forte
porque amo ouvir
a natureza.
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Se a alma chama
terça-feira, 17 de maio de 2016
Cansa ver quando se sente...
Se a alma chama, arde, urge,
Se surge um pensamento-auge
Os olhos perdem-se da gente
Para dentro e enlouquecem.
Se a alma chama, arde, urge,
Se surge um pensamento-auge
Os olhos perdem-se da gente
Para dentro e enlouquecem.
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Prazer da boca
segunda-feira, 16 de maio de 2016
Olhos presos nela
espalmei, ameaçando apertá-la
avivando o couro
para farejar
o místico perfume exalado
desci por entre os cumes
passeando toroso
pelo meio
e rompi-lhe espera
umedecendo
os polegares
golpeando
um a um
alargando
úmido manto
escavado
sulcando casca
banquete, luxúria
a saliva
sucumbiu
avassaladoramente
mordilambi
entre seus gomos
a suculência pura
que escorreu da
pérola cítrica
ostra-tangerina
que delícia
de fruta saborosa
enchi a boca
me lambuzei
da mexerica!
espalmei, ameaçando apertá-la
avivando o couro
para farejar
o místico perfume exalado
desci por entre os cumes
passeando toroso
pelo meio
e rompi-lhe espera
umedecendo
os polegares
golpeando
um a um
alargando
úmido manto
escavado
sulcando casca
banquete, luxúria
a saliva
sucumbiu
avassaladoramente
mordilambi
entre seus gomos
a suculência pura
que escorreu da
pérola cítrica
ostra-tangerina
que delícia
de fruta saborosa
enchi a boca
me lambuzei
da mexerica!
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Amor custa caro
domingo, 15 de maio de 2016
NÃO DOU AMOR DE GRAÇA
isso é coisa de santo!
Gente como eu gosta
é de dar amor como troco.
O amor custa caro
hoje é a coisa mais rara
(quando não é falso)
- até o cupido vendeu a aljava -
repara bem:
Se tudo o mais te faltar
a saúde, o dinheiro, a paz,
é só o amor de alguém que te salva!
isso é coisa de santo!
Gente como eu gosta
é de dar amor como troco.
O amor custa caro
hoje é a coisa mais rara
(quando não é falso)
- até o cupido vendeu a aljava -
repara bem:
Se tudo o mais te faltar
a saúde, o dinheiro, a paz,
é só o amor de alguém que te salva!
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Descartável
sábado, 14 de maio de 2016
Descalabro desperdício
entorpecida conspeção
palavras que se calam
o sacrifício suicida das
cascas de tintas baratas
tantas coisas descartáveis
temos
tudo e ao mesmo tempo
nada!
entorpecida conspeção
palavras que se calam
o sacrifício suicida das
cascas de tintas baratas
tantas coisas descartáveis
temos
tudo e ao mesmo tempo
nada!
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Momento
sexta-feira, 13 de maio de 2016
Eles dizem que eu existo
mas não sabem quem eu sou
só podem ver o que está pronto
e eu: nem tanto, quem sou eu?
falam que sou meu próprio sonho
mas quem sonha? não sei ser
não sei fingir
acordar para dentro
só sei que olhar é um sonho perdido
sou como o sono...
o abismo certo
entre sonhar e fazer sentido.
mas não sabem quem eu sou
só podem ver o que está pronto
e eu: nem tanto, quem sou eu?
falam que sou meu próprio sonho
mas quem sonha? não sei ser
não sei fingir
acordar para dentro
só sei que olhar é um sonho perdido
sou como o sono...
o abismo certo
entre sonhar e fazer sentido.
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Olhos-estrelas derramados por sobre a escuridão
quinta-feira, 12 de maio de 2016
Noite, noite, vasta noite!
Olhos-estrelas derramados por sobre a escuridão
Estarão os seus rejeitados filhos com frio?
perdidos, sozinhos contra o céu e o chão?
Noite! Lâmina insensível à compaixão!
Atiro minha roupa
E a gélida mandíbula de uma madrugada
longa rói-me,
imagino aos meus irmãos...
abandonados
à grave escuridão esplendorosa
de sua obscuridade entristecida pela chuva
Densa noite! Crassa de perigos!
Não assuste as crianças...
some depressa! Dissipa!
Deixa em paz os corações enfraquecidos
o horror privado de sentido
já não basta?
Alta noite... o acordo humano fracassou
não sabe discernir o bem do mal
Sofrimentos são banalidades...
E é por tal indiferente frialdade
que hoje a culpa é uma erronia toda sua...
Olhos-estrelas derramados por sobre a escuridão
Estarão os seus rejeitados filhos com frio?
perdidos, sozinhos contra o céu e o chão?
Noite! Lâmina insensível à compaixão!
Atiro minha roupa
E a gélida mandíbula de uma madrugada
longa rói-me,
imagino aos meus irmãos...
abandonados
à grave escuridão esplendorosa
de sua obscuridade entristecida pela chuva
Densa noite! Crassa de perigos!
Não assuste as crianças...
some depressa! Dissipa!
Deixa em paz os corações enfraquecidos
o horror privado de sentido
já não basta?
Alta noite... o acordo humano fracassou
não sabe discernir o bem do mal
Sofrimentos são banalidades...
E é por tal indiferente frialdade
que hoje a culpa é uma erronia toda sua...
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Raízes
terça-feira, 10 de maio de 2016
O lugar é o mundo!
Não tenho raízes
nos lugares,
eles é que têm raízes
em meu espírito
(os que germinam).
Igual às pessoas...
Sou uma floresta de memórias
que são tão vivas quanto o que sou.
Às vezes minha terra não é fértil,
mas eu também não espero que seja!
Cada coisa
tem seu lugar.
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Ouroboros
sábado, 7 de maio de 2016
O reino da natureza
nada tem de reino exceto um nome
pois quem presencia o mistério do mundo
bem sabe
o leão não é mais extraordinário
que uma mosca!
e as folhas nos têm tantas perguntas
quanto as chuvas...
sementes são um milagre tão especial quanto a inteligência humana
na verdade,
todos os fenômenos
humanos ou não
não são nada menos que a própria natureza
habilidosa, reciclando-se
e avançando,
experienciando
as várias formas de ser-no-mundo
essa manifestação de forças inexplicáveis...
uma serpente mordendo a própria cauda.
nada tem de reino exceto um nome
pois quem presencia o mistério do mundo
bem sabe
o leão não é mais extraordinário
que uma mosca!
e as folhas nos têm tantas perguntas
quanto as chuvas...
sementes são um milagre tão especial quanto a inteligência humana
na verdade,
todos os fenômenos
humanos ou não
não são nada menos que a própria natureza
habilidosa, reciclando-se
e avançando,
experienciando
as várias formas de ser-no-mundo
essa manifestação de forças inexplicáveis...
uma serpente mordendo a própria cauda.
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A magna chave
sexta-feira, 6 de maio de 2016
Cuide do amor
e o amor cuidará de você.
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Almas gêmeas
terça-feira, 3 de maio de 2016
Eu lírico
ela livre
ela também leu-me
nu livro
nós desfeitos
do perfeito
nos livramos.
ela livre
ela também leu-me
nu livro
nós desfeitos
do perfeito
nos livramos.
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Vida ao tempo
segunda-feira, 2 de maio de 2016
Nunca entendi a expressão
"dar tempo ao tempo"...
O tempo tem já tempo demais
e eu, tempo de menos...
Tem é que dar VIDA ao tempo!
"dar tempo ao tempo"...
O tempo tem já tempo demais
e eu, tempo de menos...
Tem é que dar VIDA ao tempo!
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Não tem outro jeito
sábado, 30 de abril de 2016
A lâmina da vida
vai nos transpassar
a todos.
Amar
é a única forma
de não sentir dor.
vai nos transpassar
a todos.
Amar
é a única forma
de não sentir dor.
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Encanto magnético
quarta-feira, 27 de abril de 2016
Meu coração se eleva
em maré alta,
Meu sangue engravidou
da Lua cheia.
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Será que tem cura?
terça-feira, 26 de abril de 2016
Não entendo alzheimer...
Será que tem cura
para esse tanto de gente
jovem
com saudade da dentadura?
Será que tem cura
para esse tanto de gente
jovem
com saudade da dentadura?
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Urbanidade
segunda-feira, 25 de abril de 2016
Minha saúde é um mistério!
Não sei o que me adoece...
A ciência diz que é o stress
e tenta me vender um remédio,
mas eu sinto que é só desamor.
Não sei o que me adoece...
A ciência diz que é o stress
e tenta me vender um remédio,
mas eu sinto que é só desamor.
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Silencioso esplendor
domingo, 24 de abril de 2016
Se achava pequena, uma estrela distante,
Mas na noite dum grande planeta-deserto
Era o seu brilho que guiava os errantes...
Mas na noite dum grande planeta-deserto
Era o seu brilho que guiava os errantes...
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A vida imagi-nada
sexta-feira, 22 de abril de 2016
Larissa estava entediada. Não escondia o marasmo que sempre sentia. Não pelas coisas que desejava, apenas pelas que já tinha. É que tudo parecia certo e parado, parecia ser o mesmo dia... E Larissa se sentia rasa, no fundo não se satisfazia. Será que era fria? Pensava. E pensar a mataria!
Precisava de um desencontro, de perder a realidade, desfazer seus conformismos. Isso a transformaria: o movimento, o novo. Larissa não sabia ao certo se era só um sentimento bobo ou se sua vida dependia de atitude e de desapego (e logo!).
Mas vazia daquilo que negava, tomou a pior decisão. Caiu pouco a pouco num nada e, com medo, pôs os pés no chão. Larissa descobriu quem era, então. Tarde, todavia. Sua própria alquimia inverteu sua natureza. Virou uma lagarta e só aí descobriu: que negou para si mesma já ser borboleta.
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