Duas flores

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Havia duas benditas flores na porta da minha casa! Quem as teria deixado ali? E por que razão? Pobres das flores (foi o que pensei de imediato) arrancadas de sua suprema e breve fórmula de viver... Todavia, querendo crer no bem por detrás deste sinal, precisei de seguir uma hipótese solutiva apressadamente e, na falta de algo mais elaborado, conduzi-me a refletir acerca de uma possível boa intenção motivando este aromático sacrifício! Doce perfume, a ilusão. Nada mais tolo que tal degenerado eco de gestos prontos, baratos! Duvidei das duas flores. Duvidei de mim, também, afinal, quem quer sempre agir é o mistério intermitente, eu posso ser apenas um sonho das plantas, assim como as flores.

Não me foi possível elaborar uma resposta definitiva sobre a motivação essencial desta situação, contudo é curioso constatar que, por mais que queira eu encontrar formas de repensar minha reação diante das tão delicadas presenças florais, o encanto que as permeia é avassalador... Penso mais em coisas agradáveis que desagradáveis, quando contemplo a perfeição natural das pétalas e sua diminuta preocupação com a longevidade. Este pensamento igualmente não durou mais que sua própria beleza e minguou. Isso porque agora talvez eu tenha compreendido algo para além do imediato: nunca importa quem nos traz flores, mas o que temos dentro de nós e que é capaz de reparar não no que vivenciamos, mas no que é vivenciado por outrem.

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